Com construção de usina de dessalinização de água em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, a Sabesp vai distribuir água do mar tratada

Por Bárbara Giovani

Nos próximos dois anos, o estado de São Paulo deve ter sua primeira usina de dessalinização de água. É o que indica o edital publicado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) neste mês. De acordo com o documento, a companhia busca empresas interessadas em construir essa usina. Ela deverá ser construída no município de Ilhabela, que fica no litoral norte do estado, e deve ser implantada em 2026. Com o empreendimento, a Sabesp pretende transformar água do mar em água potável para diversificar a matriz de São Paulo.

É interessante a gente começar a tratar da diversidade da matriz hídrica. Alguns anos atrás tivemos uma escassez hídrica muito grave aqui em São Paulo. Então, se a gente começa a trabalhar melhor com diferentes recursos e não só extrair de lençóis freáticos, de águas superficiais, mas também conseguir extrair água potável do mar, a gente consegue ter esse equilíbrio da matriz hídrica”, afirmou Renato Giani Ramos ao G1.

Ele é coordenador da Câmara Técnica Nacional de Dessalinização e Reúso de Água da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária.

O que diz o edital
De acordo com o documento, a usina de dessalinização deverá ser construída nas margens do Ribeirão Água Branca. A ideia é captar a água salobra, ou seja, com salinidade superior a 0,5 parte por mil, da região perto da balsa, que ainda avança a ilha por aproximadamente um quilômetro.

Além disso, o edital também afirma que a tecnologia utilizada para a dessalinização da água deverá ser a osmose reversa. O processo consiste em aplicar alta pressão à água do mar, que passa então por uma membrana, separando o sal do líquido. Em seguida, a água passa por um tratamento de remineralização e, com isso, obtém-se água limpa. Posteriormente, as partículas de sal concentradas devem ser diluídas em água e devolvidas ao ponto de captação.

O edital também afirma que, antes da tecnologia de dessalinização, a água deve passar por um pré-tratamento. No total, o documento prevê que a usina deverá captar 40 litros de água salgada por segundo, processando e liberando ao menos 20 litros por segundo — estes voltados para cerca de um quarto da população de Ilhabela. Além da usina de dessalinização, a empresa que vencer a concorrência do edital terá a obrigação de construir um centro de educação ambiental. O local precisa ter um auditório e painéis fotovoltaicos.